quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

REVEILLON PÉ NA AREIA

Fui buscar uma família que retornava ao vale dos excluídos, depois de passar o reveillon em uma praia paradisíaca no litoral norte, fim de ano em tempos de crise é algo único muita gente deixou os dólares debaixo do colchão com medo da crise e trocou Miami por juntar a galera na casa do litoral.
Ao chegar na QUA procurei meu amigo Ariosvaldo o dono da única farmácia da região, o Ari para os amigos e fomos tomar umas estúpidas geladas pra comemorar o arregaço, como a família voltaria somente no dia seguinte aproveitamos para colocar a conversa em dia.
Ari me confidenciou que estava muito decepcionado com as vendas de sua farmácia, pois com base nos anos anteriores Ari havia feito investimentos em protetores solares, preservativos, estimulantes, e remédios para dor de cabeça, porém, este ano às vendas não corresponderam.
No primeiro dia a farmácia ficou lotada de gente a procura de laxante é que a mulherada quando sai de seu vaso original trava, estranha o novo sítio cheio de gente e não consegue soltar o barro corre na farmácia pra comprar laxante os homens também é que eles contam com a ajudinha da estúpida pra relaxar e casa cheia neste caso não é bom. Casa de veraneio em praia chique cheia do vale dos excluídos é assim; parece as báias dos escritórios da paulista, faria lima e berrrini o metro quadrado mais caro do país, é um colado no outro não dá nem pra peidar, pior que gado confinado, ai corre todo mundo de tênis pra praia que é pra não pegar bicho geográfico e a orla fica parecendo Cubatão com aquele cheiro de enxofre.
No segundo dia a farmácia ficou lotada de gente querendo mandar a dor pra PQP e salvar o fígado com eparema o que é normal em tempos de crise onde a galera exagera e sai de carro cometendo os acidentes pela estrada para poderem chacoalhar o esqueleto nas praias vizinhas.
No quarto dia os campeões de venda foram Imosec para diarréia, muito churrasco com caipirinha, camarão, frutos do mar, uísque, não tem fígado que agüente, Caladryl para queimadura do sol pois a galera chega na praia ao meio dia e só retorna no final da tarde com a pele pegando fogo, e quando chega em casa no final da tarde é abordada por pernilongos, borrachudos e muriçocas ai tem que comprar o fenergan pra poder dormir sem reclamar, e como a gente adora reclamar as casas parecem muros da lamentação onde os pagãos terão sua alma lavada nas água do mar na noite de reveillon mas por andarem descalços muitos acabam procurando o Ari nos dia seguintes á procura de Tiabendazol para matar o bicho geográfico contraído pela fezes de gatos e cachorros que circulam ilegalmente pela praia. No dia seguinte ao reveillon as crianças começam a passar mal com diarréia é que o sistema de esgoto da cidade não comporta tanta gente, metade do esgoto é jogado ao mar sem tratamento e as crianças acabam engolindo os cloriformes fecais e desenvolvendo um quadro de diarréia e dá-lhe imosec alem é claro como ficaram muitas horas expostas ao sol e se alimentando mal acabam desenvolvendo alergias cutâneas que precisam ser tratadas com nebacetin, a noite no quarto lotado é aquela choradeira parece cena de filme alemão.
Depois de tanta esbórnia, as pessoas correm para a farmácia para comprarem nimesulida pois, estão com a garganta detonada de tanta gelada e luftal pois estão explodindo de gases.
No ultimo dia a procura é grande por betametasona é que depois de tanta cagada só esse remedinho pra acabar com o incêndio na rosca.
Nesta lista ficou faltando remédio para dor de ouvidos é que essa turma é muito barulhenta, uma que ia passando pela praia comentou: Essa praia é muito linda pena que não tem um som rolando, é tanta buzina de motoqueiro na orelha no vale dos excluídos que a figura não consegue mais ouvir o som da natureza, ah, ah, ah, ah que beleza, qeu beleza é a natureza.
Os preservativos ficaram encalhados, Ari tem uma explicação plausível: é que as casas estavam muito cheias não sobrou espaço para a pratica do coito ou então teremos um baby boom daqui nove meses.

284 o taxista que curte a natureza humana.


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